Há inúmeras teorias que corroboram o pensamento de que, quando somos colocados para praticar, os índices da aprendizagem chegam a 80%. Portanto, aqueles treinamentos muito expositivos, onde o treinador despeja informações durante um longo período de horas, sempre se mostraram bastante ineficientes. E é com o estudo da neurociência que conseguimos obter informações que nos dizem, com precisão, se isso é realmente um fato ou apenas mais um dos achismos da nossa sociedade.

Nosso ponto de partida é definir o que é memória, que é nossa capacidade de adquirir, armazenar e recuperar informações. Essas informações são recebidas, transmitidas, armazenadas e resgatadas pelos neurônios, em um processo conhecido por sinapses. Pode-se dizer que a sinapse é a sede celular da aprendizagem e da memória.

Continuando, nossa memória é dividida em três:
– Memória de trabalho: memória instantânea, que não perdura por muito tempo;
– Memória de curta duração: forma um arquivo temporário de, em média, 6 horas;
– Memória de longa duração: perdura por horas, dias, semanas e anos. E é aqui que a mágica acontece! É na memória de longa duração que novas conexões sinápticas acontecem, onde é possível desenvolver e criar redes neurais inteiras.

A memória de longa duração se subdivide em algumas categorias. Mas, para não soar muito técnico, a memória que serve para nossa conversa é uma, a memória de procedimentos.

A memória de procedimentos é uma memória de longa duração e é estabelecida através da aquisição gradual de habilidades como resultado da prática ou do saber fazer as coisas. E aqui está o pulo do gato! A ciência identifica que a prática sistemática de habilidades leva o nosso cérebro a estabelecer novas conexões sinápticas, onde as estruturas neurais são modificadas e cria-se uma nova rede de conexões sinápticas. É a informação sendo consolidada em uma estrutura de longa duração. Isso é fantástico!

Fica claro então que, aplicar treinamentos onde os participantes praticam o tempo todo pode, segundo os estudos, levar a aprendizagem a níveis muito mais satisfatórios.

Um bônus: nosso cérebro tende a consolidar informações associadas a um forte apelo emocional, as chamadas flashbulb memories, aumentando as chances delas se consolidarem e se transformarem em memórias de longa duração. Se você já era crescidinho na época e, claro, Ayrton Senna tinha algum significado em sua vida, eu aposto que se lembra de detalhes do dia em que ele morreu. Puxe na sua memória e verá que tenho razão. É a flashbulb memory em ação no seu cérebro!

Moral da história: Se você quer adquirir novos conhecimentos, busque participar de atividades que promovam sistematicamente a prática. Se, além disso, conseguir dar um forte impacto emocional nessa ocasião, você tem chances ainda maiores de aprender o que se propôs a aprender.

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