É importante, para o entendimento deste texto, iniciarmos compreendendo algumas definições. A começar pela neuroplasticidade do cérebro, que é a capacidade dele, o cérebro, se remodelar em resposta a novas experiências e estímulos. O que isso significa? Que nossos neurônios respondem a novas demandas, aos desgastes e aos danos, inclusive criando novas sinapses.
A sinapse é o local onde ocorre a comunicação entre um neurônio e outro. Por sua vez, neurônio é uma unidade celular carregada com eletricidade que, sob estímulos, gera impulsos nervosos. De forma simplista, são esses impulsos nervosos que conduzem as informações de um neurônio a outro por um fenômeno eletroquímico conhecido como conexões sinápticas. Dos benefícios dessas conexões podemos citar a maravilhosa capacidade que temos em adquirir novos conhecimentos, novas competências e atitudes, sendo isso a definição do que é aprendizagem (a última definição, juro).
Vou te dar uma ótima notícia! Nosso cérebro permanece com sua capacidade de neuroplasticidade por toda vida. É verdade que vai perdendo força à medida que envelhecemos, que há perdas neuronais importantes nessa fase da vida e que há uma piora nas conexões sinápticas. Mas, ainda assim, nossa máquina cerebral se remodela por toda vida, possibilitando que possamos aprender coisas novas não importando em que momento de vida nos encontremos.
Vamos refletir?
Se a ciência evidencia que nossa espécie é capaz de aprender a vida toda, por que ainda nos deparamos com ideias que nos induzem a pensar (erroneamente) que esse ou aquele não tem capacidade de executar determinada atividade ou tarefa só por conta de sua idade? Por que ainda vemos pessoas mais velhas sendo vítimas de deboches pelo simples fato de estarem matriculadas em cursos ou mesmo em faculdades buscando novos saberes? Tendo um pouco de conhecimento do funcionamento do nosso cérebro, isso tudo não te parece fora de propósito?
Não vamos fazer vista grossa para as eventuais restrições e/ou limitações que aparecem no envelhecimento. Motoras, hormonais, sensoriais, em maior ou menor grau, elas existem e se manifestam. Falar sobre essas restrições já é assunto bastante explorado por aí e é exatamente por essa razão que esse texto lança luz em outra direção, buscando fazer um contraponto.
Ainda há mais: a ciência aponta que o ápice cognitivo do nosso cérebro é atingido lá pelos 25, 30 anos de idade do indivíduo e que, a partir daí, há uma queda constante e gradual em termos cognitivos. Lenta, é verdade, mas constante e gradual! Numa brincadeira, é como se disséssemos que “emburrecemos” ano após ano, o que reforça ainda mais a necessidade de aprendizagem ao longo da vida visando a manutenção das conexões sinápticas.
Reflexão final: sabemos menos que o necessário para conclusões definitivas? Seríamos vítimas da nossa própria ignorância?